sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sobre escrever



Gostei de escrever. Primeiro porque escrever é terapêutico, é um diálogo com nós mesmos, onde podemos organizar o mundaréu de vozes que ocupam a mente. Mas, apenas isto não me bastava, escrever era demasiado cansativo, já que organizar esta bagunça toda e transformar os pensamentos em um texto bom de ler dava um certo trabalho. Os comentários, no entanto, dos amigos funcionaram como reforço positivo. Percebi que o acolhimento, que sinto ao ler alguns autores foi o mesmo que senti ao me ler. Pensei, então, que posso aconchegar outras pessoas nos meus pensamentos, como Clarice Lispector, Manoel de Barros, Mario Quintana, fazem comigo. Claro que não se pode comparar a poética das palavras destes mestres às minhas, mas palavras são palavras, sentimento é sentimento, em qualquer lugar. Posso ajudar a fazer pensar, unindo meus pensamentos com os de outras pessoas. Um blog é bom pra isso, quem lê também participa e contribui comentando, se colocando.

Por que os escritores escrevem?

Adélia Prado
“Boa pergunta. É necessário que eu escreva, acho que é uma necessidade divina de mostrar a Sua face, o espírito quer ser adorado, ele quer ser visto. Deus precisa fatalmente de mostrar a Sua face e a arte é uma mediação para a divindade. Então, neste caso, tenho que ser dócil a este desejo divino. Não obedecer a isto é pecar, é um pecado capital, eu não sou dona disto, não posso falar: não vou escrever mais, isto seria o máximo do orgulho, então eu tenho que escrever.”

Millor Fernandes
“Escrevo porque escrevo, se me pagassem eu só falava”

Clarice Lispector
“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando…”

“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada”

“É preciso coragem. Uma coragem danada. Muita coragem é o que eu preciso. Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção…porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada. Sei lá porque escrevo! Que fatalidade é esta?”

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever."

“Escrevo por ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens."

Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas aéreas piruetas – escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio."

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...

Lya Luft
“Escrevo por uma lúdica paixão. Porque nasci para fazer isso. Porque me alegra, me diverte, me instiga — e me exaure. Porque tenho necessidade e prazer em elaborar com palavras esse traçado de tantas vidas, tantas criaturas, tantos destinos e aventuras que povoam minha imaginação, e que acabarão — ou não — vivendo nos meus textos. (...) Escrevo para seduzir leitores que sejam meus cúmplices na inquietação fundamental, na busca de entender o mundo — e jamais o entenderemos. E também escrevo porque desejo uma releitura dos valores familiares e sociais de meu tempo: cada um de meus romances pode e deve ser lido como uma denúncia da hipocrisia, da superficialidade, da indiferença, da negligência e da mentira nas relações humanas, amorosas, familiares e sociais. Os artistas são recipientes de carvões em brasa e têm visões que tentam esconjurar com traços, gestos, música ou palavras — e nesse trânsito entre realidade e sonho, cujas fronteiras para eles pouco importam, vão e vêm entre territórios que igualmente os convocam. Escrevo porque sou parte disso.”

Ferreira Gullar
“A resposta é a mais simples e óbvia: escrevo para me expressar”

Moacyr Scliar
“Escrevo movido por um impulso cuja natureza desconheço (e que não quero conhecer), o mesmo impulso que leva algumas pessoas a desenhar, outras a fazer música, outras a trabalhar a terra.

E, por fim:
"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não."
(José Saramago)

2 comentários:

Leuca Menezes disse...

Parabéns. Não é qualquer um que consegue passar para o papel o que pensa com tanta simplicidade, com uma linguagem que todos entendam.
Escrever é uma arte.
Sucesso sempre!

Verônica disse...

Você falou tudo! Ou melhor escreveu,rs. É exatamente isso, a gente não sabe muito bem pq escreve, é uma força desconhecida que nos impulsiona. É só uma vontade de passar para o papel aquilo que estpa dentro de nós e que não tinhamos coragem de mostrar. Não é questão de chamar a atenção, de ser notado...se alguém vai ler a gente nem sabe, se vão gostar não fazemos a menor idéia, mas não tem importância...a gente só queria escrever mesmo... Adorei! Continue escrevendo, tem futuro menina!;)

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